O triathlon é uma prova composta explicitamente da junção de três modalidades: natação, ciclismo e corrida.
Possui diversas distâncias, começando do super sprint: normalmente com distâncias próximas de 400 m de natação, 10 km de ciclismo e 2,5 km de corrida até os ultra triathlon: que ultrapassam as distâncias do famoso IronMan (3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida).
Na grande maioria das vezes focamos apenas nos treinos das três modalidades, o que já é muita coisa (exige muita organização, disposição e logística), mas além das três modalidades, existem outras duas escondidas que se não dermos atenção certamente pagaremos o preço nas provas.
A primeira modalidade geralmente negligenciada nos treinos é a transição. Parece tão simples sair da água e começar a pedalar ou descer da bike e ir correr, mas na verdade é complexo e é aqui onde podemos ganhar valiosos minutos sem adicionar horas de esforço em alguma modalidade específica. Uma transição bem treinada, organizada e com lógica pode baixar 2~3 minutos. Parece pouco? Experimenta baixar isso na natação ou corrida em uma prova de sprint.
Treinando a especifidade da transição: um monte/desmonte mais rápido para bike, acostumar seu corpo a sair da posição horizontal para vertical e aguentar um sprint de aproximadamente 500 metros com 180 bpm pode baixar ainda mais esse tempo. Eu imagino que uma T1 que hoje leva 6 minutos pode baixar pela metade apenas com essas dicas. Agora, se você nadar os 750 m para 15 minutos e tentar baixar para 12 minutos, a técnica e preparo necessário são enormes.
Considerando que estou com as três modalidades equilibradas, preciso dedicar mais tempo para melhorar minhas transições. Com o objetivo de um RP na minha próxima prova, acredito ser mais “fácil” eu tirar 3 minutos na T1 do que em outra modalidade.
A segunda modalidade oculta é a nutrição. Diria que nutrição vai além do esporte, eu vejo como um pilar para viver bem. Mesmo para quem não é atleta e está um mínimo interessado em ter uma vida melhor e equilibrada deve buscar informação, preferencialmente de um profissional com formação em nutrição.
Cito rapidamente meu exemplo: conforme a dose recomendada na bula de um suplemento X, eu deveria tomar 2 scoops, porém majoritariamente os estudos foram realizados com pessoas que fazem musculação, tem 1,80 m com 90 kg. Não um triatleta com 1,68 m e 57 kg – nesse caso meu consumo seria menor do que a dose recomendada. Já outro suplemento que certamente levaria esse atleta de musculação a ter problemas com pressão alta, eu consumo quase 8x mais que ele.
Percebe a importância de um profissional? A orientação correta é fundamental, e só um profissional vai saber analisar suas necessidades e alinhar com seus objetivos.
Tendo uma alimentação alinhada com suas necessidades, um profissional vai dizer se precisa ou não suplementar. Eu treinei por 5 anos sem tomar suplemento, apenas alimentação equilibrada e multivitamínico. Hoje em dia minhas necessidades são outras, deixei de ser sprinter e migrei para médias e longas distâncias. Então minha nutricionista sugeriu incluir suplementos (foco no “sugeriu” porque é possível treinar sem químicos, apenas uma alimentação equilibrada).
Durante a atividade existem momentos-chave onde devemos consumir determinados alimentos, sequência, quantidade e tempo. Tudo é muito pessoal e precisa ser testado antes da prova, também pode ser necessário um tempo de adaptação. É importante dizer que o que tem funcionado para mim pode não funcionar para você.
Em provas de longa distância eu estou treinando para conseguir consumir 40 g de carbo por hora e tento não consumir nada com cafeína antes da metade da prova, tento segurar para quando for correr (quando começar a consumir cafeína, é necessário manter até o final). Isso precisa ser muito bem treinado, não adianta pegar a dica do amigo que usa um determinado produto com 80 g de carbo e consumir, pois sem o devido treino provavelmente você apenas chegará no banheiro mais rápido tendo sérios problemas de digestão no meio da prova. Imagine tentar sair para correr a maratona de um IronMan com vontade de ir ao banheiro? Não daria certo.
Triathlon é um jogo de xadrez, precisa de estratégia, adaptação e treino!